quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ser mãe, ser professora... o que eu era mesmo?

Alimentar o blog já virou uma missão impossível, é que... Ser mãe, ser professora... o que eu era mesmo? Boa pergunta! Já nem posso me reconhecer mais no meu próprio corpo que agora pesa mais de 10 kilos que o normal, onde não controlo nem os movimentos dentro da minha própria barriga!
Dentro de mim habita uma outra vida que eu nem sei com quem se parece (Aí dele se parecer outra vez com o pai!). O que eu era mesmo?
Eu poderia ser uma garota dos seus vinte e poucos (bem poucos) anos, recém formada numa faculdade pública, descobrindo as amarguras e gostosuras de uma profissão ainda tão massacrada em nosso país: ser professora. Eu devia pensar no trabalho e nas crianças em meio período e no restante do tempo, fazer academia, pintar as unhas, fazer escova no cabelo, assistir novela, ler livros, dormir tarde e pensar nos alunos só em meio período. Porém, sendo professora ficaria um pouco apertado: eu teria que pensar nos alunos meio período e no almoço, fazer caminhada no quarterão de casa, unhas e cabelos na casa de uma amiga, livro só se for em sebo e dormir tarde, pensando nas economias para passar o mês. Essa é a vida de uma professora com seus vinte e poucos anos.
Mas, o que eu era mesmo?
Eu era menos preocupada, cantava no chuveiro, sempre repunha as cordas estouradas do meu violão, ouvia músicas em português, cantava tudo errado em inglês, via mais meus amigos, brigava com minha família, ia ao cinema, pulava corda, escrevia poesias, dormia de barriga pra baixo e não gostava de queijo com goiabada.
A vida tem umas coisas que só passando por ela toda para entender... Eu conheci um gaúcho no elevador do prédio onde morava, quando comecei a ser professora; desde então, mal sabia eu que passaria também a ser mãe. Poxa vida, além de tudo que eu já era, ser mãe?
Pois é, passei a ser bem preocupada, ainda canto no chuveiro, mas canto acompanhada de uma vozinha linda de um garotinho que me chama de "mama mamima". O violão não deu mais tempo... As músicas que escuto, na maior parte do dia, são as do programa de televisão Discovery Kids e em Inglês... o meu filho adora me ver cantando em inglês e nem sabe que está tudo errado! Vejo menos meus velhos amigos e hoje, tenho amigos mais velhos. Conversamos sobre os filhos, faxineiras, doenças de crianças, etc. Minha família é o bem mais precioso: brigo com meus pais para passarem mais tempo em casa curtindo o neto. Dormir de barriga pra baixo é impossivel quando se tem um Luquinhas no nono mês de gestação - dormir já virou algo impossível e tende a piorar!
E além de me preocupar com os filhos que tenho, penso 24 horas nos filhos que os pais me confiaram: meus alunos! Alfabetizar é uma tarefa... (não acho o adjetivo). É algo que depende de mim mas que está completamente dentro das crianças, ou seja, somos cumplices nesse processo e, misturados pelas descobertas, vamos aprendendo o caminho para chegar na escrita alfabética. É uma busca insana por caminhos... não temos um mapa pré-definido, apenas temos pistas. Esse caminho deve ser construído entre dois sujeitos concomitantemente: professor e aluno.Ou melhor, professor e alunos! Não é fácil... mas é de arrepiar quando você compreende qual é o caminho da criança e ela vai! Ela vai... sozinha nessa construção e nós, professores, assistimos na primeira cadeirinha da plateia esse caminhar. Não tem salário no mundo que pague esse espetáculo! Eu escolhi a profissão certa!
Eu era pra ser tudo isso mesmo: ser mãe, ser professora, ser mulher, esposa, filha, e tudo mais que couber em mim! Se é que ainda resta espaço dentro da minha pessoa, que anda, literalmente, "superlotada!". (E uma grávida poderia se sentir de outro jeito?).