domingo, 23 de junho de 2013

Tudo feito à mão no aniversário do João

          Vivemos na época da terceirização e contratamos serviços para tudo: marido de aluguel, acompanhante de balada, passeador de cães e até amigo. Contratamos empresas para fazer comida em casa, para fazer regime, acessoria para todo e qualquer tipo de assunto. Cada vez mais fazemos menos! Com esse novo jeito de viver, oferecemos outras lembranças para nossos filhos como, por exemplo, a organização das festinhas de aniversários. Veja só:
          Você sai pela cidade, busca referência de amigos para fazer a festa em um buffet. Cota preços, leva seu filho para ver se as atrações do espaço o agrada, prova uns quitutes, escolhe o sabor do bolo, contrata o fotógrafo. Chega o dia: você toma banho, arruma seu filho, estaciona seu carro, senta em uma mesa, conversa com os convidados, come, canta parabéns e vai embora. Claro, seu filho está exausto de brincar na cama elástica e de jogar games. E com certeza não deve ter comido nada na festa!
          Agora eu vou voltar um pouco no tempo, lá para a minha infância numa cidade pequena do interior. Lembro do cheiro do bolo assando, do brigadeiro na panela, da massa de esfiha sendo esticada na pia. Eu fazia todos os convites e preparava uma lista enorme de amigos da rua, da escola, do catecismo, etc. Minha mãe decorava o bolo e inventava enfeites. Eu ajudava a enrolar os brigadeiros e passar no granulado; enrolava três e comia dois. Era uma delícia! Tinha garrafinha de refrigerante (ninguém se preocupava que era de vidro!), cachorro quente, disco de vinil, brincadeiras, presentes abertos na cama e papel embaixo dela para dar sorte. Nós enchíamos todas as bexigas, amarrávamos nas paredes. A casa ficava cheia de gente ajudando a preparar a festa! E quando chegavam os primeiros convidados, o aniversariante ainda nem tinha tomado banho.
          Minha mãe sempre disse essa sábia frase: "o melhor da festa é esperar por ela!". Realmente!
          Esse ano decidimos fazer o aniversário do João Vitor "feito à mão". Isso significa colocar a mão na massa, criar, inventar, enrolar, experimentar, estressar... é que com três filhos não dá para ser de outra forma!
         O João escolheu um tema - ele adora escolher temas para as festas - que foi "Trash Pack", uma coleção de monstrengos que vem dentro de uma lata de lixo. Para realizar as ideias precisamos unir forças para executá-las! Não tem jeito: envolvemos muitas pessoas para ajudar numa festinha de aniversário, cada uma contribui com algo que saiba fazer. E essa é uma linda lembrança que podemos dar aos nossos filhos: pessoas queridas dando o melhor de si para ajudar!
          O melhor momento dos preparativos foi quando a cozinha virou uma fábrica de brigadeiros coloridos e de trashs de massinha! O pai estava dando um de escultor meticuloso... o filho vidrado vendo aquele rolinho colorido tomar  a forma de seus monstrengos favoritos! A mãe e a avó enrolando brigadeiros e a cada bolinha, um assunto diferente, um desejo, um sentimento... Tudo feito com as mãos. Elas são as responsáveis pela transformação de todas as coisas, são poderosas armas humanas!
         





          A festa foi intensa, cheia de crianças, aquele som gostoso de alegria preenchendo cada espacinho da nossa casa. Recebemos nossos amigos e familiares, que nos ajudaram a servir, a comer, a cuidar das crianças, revezar colo... Nosso filho estava em êxtase! Aproveitou cada segundo da sua festa de aniversário!
          Quando tudo terminou, o barulho deu espaço para o silencio de "ufa, conseguimos!" e perguntei para o João se ele havia gostado da festa. Só que a canseira mal deu jeito de responder; apenas um "uhum" afirmou que valeu a pena. O resto a gente deixa por conta do tempo, quando ele contará para seus filhos sobre os seus aniversários que ainda eram feitos "à mão"!

domingo, 2 de junho de 2013

Proibido fantasma!

Hoje me surpreendi com essa mensagem na porta do quarto dos meninos:

Proibido fantasma!

Foi isso que disse meu filho mais velho, João. Ele inventou, desenhou, pintou, recortou, procurou um durex, pediu para o pai cortar um pedaço e colocou na porta do quarto.
Achei brilhante a sua ideia, sem contar o estilo do desenho, com esse fantasma de braços pra fora do "proibido". Como se ele quisesse sair voando...
O Lucas olhou desconfiado para a placa, pareceu estar amedrontado com essa história de fantasma no quarto. "É bu, mãe?", disse ele.
Pelo menos agora estão livres de fantasmas.
Já fiz a encomenda para o meu quarto: proibido crianças! O João não gostou da ideia; disse que fará proibido ladrão. Ladrão de cama e travesseiro? Já resolve o meu problema!