A leitoa engordou um semestre inteiro para o dia do Natal. Fomos acompanhando o processo de engorda durante meses, pois meu pai ia nos informando em toda reunião de família (nossos churrasquinhos de domingo).
Eis que chega o grande dia e a primeira convidada desta festa: a leitoa de oito quilos! "Melhor não mostrar pras crianças, elas podem não entender e confundir com os contos de fadas, três porquinhos ou lobo mal", dizia minha mãe aflita ao receber nossa convidada especial. Um banho relaxante em bastante limão, azeite, orégano, sal e pimenta do reino... assim se preparava a leitoa para a hora da ceia de Natal.
Enquanto isso, nós, pobres humamos mundanos insanos, nos embriagávamos de água gelada para driblar aquele calor insuportável da cozinha onde preparávamos a salada, farofa, sobremesa e petiscos. Porém, lá do outro lado, no quintal da casa, estavam aqueles membros da família que recebem alguns amigos, se refrescam na água fresca da piscina e tomam várias cervejas geladas... Minha irmã, decidiu competir com a leitoa e tomou uma torrada de sol que seu couro ficou bem torradinho, pururuca!
Mas sigamos em frente.
A tarde vai caindo, o forno a lenha levanta sua fumaça e o cheiro da leitoa pode ser sentido do outro lado da pacata cidade de Monte Mor.
Dessa forma, começamos a retirar as senhas para tomar banho - também, uma família toda reunida para dois banheiros, não tem outro jeito. "Banheiro liberado, PRÓXIMO!", dizia cada sujeito ao sair do embaçado sanitário.
Tudo quase pronto: as crianças com sono querendo o Papai Noel, leitoa e peru bem assados, luzes instaladas, cerveja gelada, alguns já arrumaram seus pratos...
Um cheiro de queimado paira pelo ar. A leitoa? Peru? Minha irmã torrada de sol? Não! Eram as luzes de Natal enroladas, como se fosse uma mangueira, que queimavam e deixavam minha avó em pânico: "Fogo! Fogo!". Meu cunhado, o "Magaiver" da família, já saiu correndo, desligou as luzes da tomada, cortou a mangueira e tudo voltou a ficar aceso e lindo outra vez.
E sobre a leitoa, pobrezinha! Estava lá... torrada, com a carinha escondida para não assutar as crianças e para evitar que as pessoas deixassem de comê-la por causa da sua tão singela expressão.
Hora do amigo secreto, para a alegria da criançada! E diversão para os adultos que lavaram a alma ao descrever as pessoas que haviam tirado. Mas, o melhor da noite, foi o presente dado pelo meu pai a sua querida sogra - minha avó! Com a justificativa de ser uma pessoa que pensa no futuro das velhinhas, ele apostou todo o valor do presente em jogos da Mega Sena de Ano Novo. E o pior: embrulhou os bilhetes em papel de presente! A vó, quando viu aquilo, fez cara de "epa!" e agradeceu muito sem graça.
E no silêncio da brincadeira, ouvimos um barulho no fogão. Era a leitoa, cansada daquela festa de família, que simulou uma queda suicída. O meu marido derrubou a assadeira com toda a carne e molho da leitoa no chão. Para não ficar feio, comeu o que havia caído!
Pensam que esse Natal acaba por aqui? Não, ainda falta a chegada do Papai Noel.
As crianças esperavam ansiosas pelos presentes, que estavam bem escondidos. Tocamos a campainha numa simulação ingênua "Ah, deve ser o Papai Noel". E os três meninos subiram deseperadamente para a sala! Ao chegar lá, os dois menores abriram seus pacotes com os olhos brilhando de tanta fantasia. Já o maior, que não acredita mais em nada, entrou naquele jogo de faz-de-conta e procurou o seu presente. Porém, ele se esqueceu que já havia ganhado tudo - e mais um pouco - do seu pai e sua mãe, antes mesmo do dia 24 de dezembro. E ali, em cima da mesa, bem escondido, estava um envelope com o nome dele e dentro o valor de trinta reais. Decepcionado em não encontrar nenhum grande pacote, pegou o envelope e, quando viu o valor que ali se encontrava, xingou o pobre velhinho do Pólo Norte de tudo quanto é nome feio e chorou inconsolado com o pouco caso do Noel.
Quase final de festa, uns pra lá e outros pra cá. E tem aquele que sempre deixa para comer a janta no último momento... Meu irmão, pegou seu prato, colocou arroz, farofa e a salada. Quando foi até a assadeira dela, nossa protagonista desta história, a leitoa, e retirou o papel alumínio que a cobria, viu que dela sobrou apenas a carcaça e que, lhe caberia apenas, chupar os seus ossinhos!
Só tendo uma FAMÍLIA grande para TUDO isso acontecer!!!
ResponderExcluirÉ bom... São momentos inesquecíveis de vocês.
Fico imaginando cada cena!!! Que loucura... Quanta alegria! Isso é Natal! Família! Festa... Tropeços... Alegrias... Pequenas decepções... Mas UNIÃO acima de tudo.
Reúnam-se sempre. Perpetuem a vida!
Beijos
Lu
Eu tenho a segunda versão dessa história... kakakaak... Tem o meu ponto de vista...rsrsrsr...
ResponderExcluirIrmã amei, realmente foi tudo isso que você escreveu.
Agora quero montar um mural lá no rancho com as fotos das nossas histórias vividas lá.
E sugiro para todos da família que nos leem, que recomecemos a nos reunir novamente o ano que vem. Vamos pensar qual será a razão que nos fará a continuar nos encontrando.
Parabéns irmã!
Estou esperando a próxima história.
Beijos
Irmã Aline
Presentes, orações,decepções (talvez), comilança, palhaçadas e gargalhadas. Isso sim é uma GRANDE FAMÍLIA! Bjsss
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