domingo, 31 de agosto de 2014

Hora de se vestir sozinho

Todos os dias você realiza a simples e incosciente tarefa de se trocar, certo? Já pensou como foi que aprendeu isso? Ninguém nasce sabendo essas coisas! Aprendemos a realizar e depois passamos a fazer sem pensar. Não é incrível? E é assim que acontece quando aprendemos a ler e escrever, a comer comida, a beber no copo, a falar, andar de bicicleta, dirigir... e tantas outras coisas. Algumas sāo possíveis ter até alguma lembrança, ainda mais se foi algo difícil ou traumático. Outras se apagam da memória mas se mantém numa memória corporal, ou seja, o corpo faz sem pensar.

Quantas coisas estāo envolvidas no ato de se trocar? Posso listar algumas: escolher a roupa pensando na temperatura e no clima do dia, se irá ficar casa ou se sairá para a rua, tirar o pijama, colocar a cabeça em um dos buracos da camiseta, mas antes você precisa saber em qual deles deve colocar... são muitos buracos; olhar onde fica a parte da frente ou a que precisa ficar atrás; levantar uma perna pra enfiar em um dos buracos da bermuda e colocar a outra perna no buraco que ficou vazio... tem mais coisas e vou deixar para você prestar atenção quando for se trocar!

São muitas habilidades envolvidas! E para uma criança que nunca se vestiu na vida, fica ainda mais complicado. Não estou falando isso porque hoje acordei fazendo uma reflexão sobre o ato de se vestir, mas sim porque meu filho do meio está muito empenhado neste mais novo projeto em sua vidinha de 3 anos. Costumo não ficar definindo idade pra se começar a ensinar coisas para as crianças, primeiro porque cada um tem um tempo, um jeito de ser e de encarar o mundo. Acho péssimo quando especialistas definem que - por exemplo - "aos dois anos completos as crianças devem sair da fralda"... aí um monte de mães desesperadas acabam antecipando um evento porque foi dito que tem uma idade certa pra fazer as coisas. Não sou assim e aprendi isso (além da sala de aula) em casa com meus três filhos. 

Acho que não me lembro ao certo quando o meu filho mais velho, João, começou a se trocar sozinho... provavelmente tenha sido aos 4 anos de idade, quando o Lucas nasceu e eu precisei que ele passasse a tomar conta desse trabalho. Mais que uma decisão, foi uma necessidade daquele momento. E eu estava tão ocupada amamentando meu segundo filho que chorava absurdamente, que nem me recordo como foi esse processo do João Vitor de vestir-se sozinho .

Agora, que sou uma pessoa que fica em casa com os filhos e troquei minha profissão para profissão mãe, posso acompanhar de perto como o Lucas está aprendendo essa mais nova tarefa da vida. Claro que se eu estivesse no Brasil, trabalhando, tendo que acordar antes das 6 da manhã, com café pra fazer, mochilas pra arrumar etc, não estaria escrevendo essa história agora. Com essa mudança estou tendo oportunidade de escrever outras histórias... nem melhores, nem piores... apenas, outras!


Então, vamos trocar do roupa! E com toda a paciência matinal, eu acompanho as escolhas do Lucas e supervisiono se está colocando certo ou não. Isso quando ele me convida! Já aconteceu dele ficar com a cueca virada e torcida ou com a camiseta no avesso. Tem horas que ele não aceita minha ajuda e eu também não brigo. O mais velho, no começo, tentou ajudá-lo e muitas vezes levou tapas e empurrōes do irmão teimoso. Tudo isso faz parte do processo! Tem horas que o Lucas fica nervoso, desanima e pensa em desistir: "É muito difícil, mãe!", diz ele choramingando. Outras vezes, observa atento os buracos da camiseta e coloca determinado a cabeça no lugar certo. Ele já caiu algumas vezes porque colocou as duas pernas num buraco só da bermuda! Saci pererê!!!


Algumas perguntas comuns: "Ta frio, mãe?", antes de escolher a roupa. "Tá certo, mãe?", quando coloca a cabeça no buraco do braço, "Minha cueca é quarenta dez, mãe", ao observar que o que diferencia suas cuecas do irmão são os números. Olha só, quanta coisa uma criança aprende ao realizar o simples e rotineiro ato de se trocar! Eu fico encantada! Sem contar a irmã caçula que, ao observar tanta autonomia e prazer no irmão, quer fazer igual.

Mas vale lembrar sempre: ter tempo para ensinar seu filho a se trocar faz com que as coisas sejam diferentes. Não posso deixar de frisar esse ponto! E reconheço a dificuldade de mães e pais,  que vivem a loucura do dia a dia, em ajudar seus filhos nessa tarefa. É muito mais simples e rápido fazer por eles! 

Tenho a vantagem de ter três filhos e de reaprender a ser mãe a cada etapa da vida deles: o que não me recordo de ter feito direito com o mais velho, posso refazer melhor com o do meio e assim sucessivamente. Boa, né?! Essa é para animar as mães de um filho só!

Algumas coisas que escolhi fazer para ajudá-lo nesta tarefa:

- Deixo as roupas num lugar de fácil acesso. Claro que essa decisão requer um ato de paciência porque sempre desarrumam tudo. Mas vale a pena!
- Incentivo a escolher suas roupas e dou uns conselhos sobre combinação, adequação ao local e à temperatura etc.;
- Elogio cada conquista;
- Pergunto se precisa da minha ajuda;
- Às vezes o deixo com a roupa torta (quando vamos ficar em casa!);
- Respeito sua decisão de fazer sozinho (quando não vamos perder o 51);
- Mostro a numeração das suas roupas;
- e outras coisas que eu acabo inventando na hora!


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