domingo, 3 de agosto de 2014

Hora da mudança: aqui vamos nós!

Amanhece o dia em Nova Iorque... meus olhos se enchem de lágrimas ao ver do alto, aquela imagem linda de sol nascente entrelaçada pelas luzes da grande metrópole. Olho pro lado e vejo minhas três crianças comigo, mais meu marido. Que loucura! O que vai ser da gente aqui nos EUA? Uma mistura de alegria e medo vai tomando conta de mim. Pela caixa de som do avião, posso ouvir o comandante dizer "pouso autorizado". E lá vamos nós!

Mas antes de começar essa história é preciso falar de outra coisa: de sonho. SONHO no sentido de desejo, de querer muito algo que parece quase impossível. Depois, quando você encontra uma pessoa que tem o mesmo sonho que você, ele passa a ser PLANO. Em seguida já vira META e com o passar do tempo, dependendo da sua determinação, a sua meta se transforma em oportunidade. Para os corajosos o sonho, enfim, pode se tornar realidade.

Amanhece o dia em Nova Iorque e o frio na barriga da aterrissagem se mistura com a expectativa e a insegurança: o que vai ser de nós numa vida nova em outro país?!
Deixamos para trás nossa zona de conforto: as ruas conhecidas da nossa velha cidade, os amigos que fizemos com o tempo, a família sempre pronta a ajudar, o conforto da nossa casa, o carro que nos levava para todo e qualquer lugar, o trabalho, velhas conquistas, nossa língua materna e toda a nossa segurança cotidiana.
 
Ao chegar em outro país acionamos um campo desconhecido que vai nos guiando para que possamos nos adaptar às novas formas de viver. Descobrimos outros sentimentos, aflições, novas maneiras de ver o outro e o espaço à nossa volta. Um exercício intenso para nós adultos e também para as crianças!
 
Nosso destino: Boston. Sobre o resto dele não temos muitas notícias! Sabemos apenas que por aqui ficaremos um tempo e aqui viveremos um dia de cada vez. Temos a certeza de que, pelo menos, estamos juntos e que numa família-equipe como a nossa não tem como ficar na mão. A casa está sempre lotada por natureza, há tarefas mil a se fazer, a hora voa e o dia acaba antes mesmo da gente perceber.
 
As crianças descobriram a amizade incondicional porque ainda não há outras crianças com quem brincar; e assim passam o dia esbanjando carinhos, compartilhando saberes, armando brigas homéricas e deixando a mãe doidinha! A mãe? A mãe descobriu que ama ser professora porque quando o sinal bate a turma toda vai pra casa. Aqui não é bem assim: são 24 horas de pura emoção! O sinal bate e todos continuam comigo.
 
Só que eu também descobri em meus filhos coisas novas! Coisas estas que só podem ser desvendadas quando estamos em situações assim. Como só tenho eles para me comunicar durante o dia, acabo me surpreendendo com as conversas, os pensamentos e a forma como observam tudo ao redor. São tantas reflexões... "Mãe, agora você pode colocar a máquina pra falar em inglês e não em espanhol porque você já sabe o que ela pede"; "Mãe, diz o Lucas, preciso mandar uma mensagem"; "Didi" agora fala a Helena quando quer chamar o Lucas. "Mãe, você só fala "thank you" e dá risada... e se a pessoa estiver falando uma coisa ruim?", comenta o João preocupado quando saímos sozinhos pela rua.
 
E assim novos dias vão amanhecendo... quando a gente vê, já passou um mês!
 "Amanhecer é uma lição do universo que nos ensina que é preciso renascer. O novo amanhece!", já dizia a canção de Renato Teixeira.
 


Public Garden

Nenhum comentário:

Postar um comentário