quinta-feira, 18 de abril de 2013

TANTO SOFRIMENTO POR ALGUNS “mls”! ESSA É A VIDA DE MÃE...


Parece simples, mas não é. Você arruma seu prato de comida, escolhe os alimentos que agradam seu paladar, que sente prazer em comê-los e com um garfo e uma faca se delicia. Dessa forma você coloca combustível no seu corpo e sente um dos maiores prazeres humano: comer. Só que nem passa pela sua cabeça como tudo isso começou: sua mãe com você no colo, o cheiro do leite, a sucção, o quentinho, acalento, amor incondicional de mãe.

                É assim que começa seu maior prazer e a fonte vital da sua vida. Tudo isso dependeu da disponibilidade, da determinação, do prazer e da dor da sua mãe. Mesmo se ela um dia teve que abrir mão do aleitamento materno para lhe dar uma mamadeira.  Pode ter certeza, também não foi tão simples assim.

                Talvez você pense como os pediatras: “deixe sua filha com fome que ela pegará a mamadeira”, tudo bem! Então eu a deixarei com fome e levarei ao seu consultório para VOCÊ tentar dar a mamadeira para ela. Aí sim, saberá do que estou falando. Eu sei que ela não morrerá de fome, que não morrerá de chorar, que não morrerá por causa de uma mamadeira, só que no meio desse acontecimento não tem como não sofrer.

                Estamos no nosso terceiro dia tentando introduzir uma única mamadeira na manhã da Helena, pois volto ao trabalho daqui três dias. Minha filha tem uma crise nervosa só de colocar o bico na sua boca! Ela não aceitou a chupeta e detesta o cheiro, a textura e tudo o que acompanha o gélido plástico da mamadeira. Enquanto ela chora no colo da pessoa iluminada que me ajudará a cuidar da Helena, eu choro no banheiro pedindo uma luz divina, uma providência dos seres que nos protegem e nos guiam desse lugar desconhecido, mas que podemos sentir.

                Já se passaram mais de 30 minutos, o choro resiste e eu me desmancho por dentro... “Onde estão os anjos? Nos deixaram aqui desamparadas? Precisamos de ajuda!”, e uma voz dura me chacoalha e sopra em meu rosto uma sincera mensagem: “Estamos cuidando das mães que sofrem porque perderam seus filhos, que estão sentadas num hospital esperando um horário para ver suas crianças doentes ou que acabaram de parir e não puderam levar a coisa mais preciosas de suas vidas para casa, para o quartinho que arrumaram com tanto carinho. Estamos com elas, Lívia! Sua filha é perfeita e está com você. Com certeza tirará tudo isso de letra! Força, ergue a tua cabeça, pare de olhar para esse seu umbigo e pense na dor maior de outras tantas mães.”

                Obrigada anjo, agora posso ouvir o silêncio da minha alma e da minha casa. Helena se acalmou e conseguiu sugar alguns “mls” da mamadeira.

                Fui tomada pela força de todas as mães que, neste exato momento, choram e suplicam pela vida de seus filhos. Rezei por elas. Parei de chorar por mim e passei a sentir a fortaleza que move essas mulheres guerreiras. Sou mesmo uma minhoca desmilinguida perto delas...

                Há uma voz dentro da gente que nos direciona para o caminho que precisamos ir. Só que o barulho dos pensamentos errados, o burbúrio do ego e do individualismo nos ensurdece. Acabamos fazendo tudo errado, desvirtuamos do caminho e pegamos o atalho para o sofrimento desnecessário.

                Ser mãe de um, dois, três ou mais filhos é se deparar com a complexidade da vida e com os sentimentos que só a vida pode gerar. Nada é previsível com os filhos! Ninguém tira de letra só porque é a terceira vez. E se há alguma voz dentro de você que possa te ajudar (ou te dar uma bronca) num momento complicado, dentro desse teatro efêmero da maternidade, pare, sinta, escute o silêncio em você. Agradeça a vida que lhe foi confiada e siga em frente, sentindo a fortaleza de todas as mulheres-mães do mundo!

               

Um comentário:

  1. Que lindo! Me emocionei,já fui (ainda sou) uma dessas mães, mais um estímulo para confiar e seguir em frente. Obrigada!! Bjs

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